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Chiclete e Banana 1973 Teatro de Arena Augusto Boal



Batucada, capoeira, maxixe, candomblé, maculelê, maracatu, baião... Estes são chamados ritmos autenticamente brasileiros, mas nem por isso deixaram de sofrer influencias. Influencias da África, ou influencias européia, ou influencia do jazz. Pobre samba meu.
Também o Jazz, musica autenticamente americana foi se formando com ritmos e instrumentos que viajaram muito.
Toda musica sofre influencia, e não há nada de mal nisso. Este show não é contra a influencia, é contra a comercialização. E há muito de mal nisso.
Para mostrar que não somos contra a influencia, vamos começar nosso show com uma musica escrita por um jamaicano, em inglês, nos Estados Unidos, e que foi o maior sucesso no carnaval de 1913.



Isso foi antes da primeira guerra mundial. Depois veio a segunda. Ai os paises amigos (lá de cima) precisavam de solidariedade continental (daqui de baixo). Os alemães estavam começando a tomar conta do mundo inteiro e era preciso brigar com eles.
Mas acontece que os paises amigos (lá de cima) tinham uma idéia muito errada dos paises nativos (daqui de baixo).
Os “nativos” nos, vocês, queridos leitores e telespectadores éramos sempre apresentados como preguiçosos, indolentes, incapazes, selvagens. A mitologia holiudesca é rica destes personagens: Zé Carioca, Zorba, Sakini, Gunga Dim... Era preciso mudar essa triste imagem. Era preciso mostrar que nós podíamos ser até aliados, que nos tínhamos até algumas qualidades, nos sabíamos até cantar. Então eles começaram a importar a nossa musica e lá fomos nos.
ALÔ ALÔ AMERICA

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E eles respeitaram mesmo, quer ver só?

MAMÃE EU QUERO – Copacabana

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E nós fomos ficando tão contentes com a atenção dispensada que começamos a exportar não apenas musica, mas também gente. O David Nasser escreveu esta letra, prestem bem atenção “a gente devia parar de tomar chopp porque era alemão e começar a se empilecar com o álcool aliado, whisky britânico, gim americano e rum cubano”. Bem, isso foi durante a guerra, já faz muito tempo.

ALÔ TIO SAM – O SAMBA AGORA VAI

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E a guerra continuava. Então era preciso melhorar ainda mais a nossa imagem. Eles importavam só as musicas e por isso acabavam deformando a musica, e o samba virava jazz, charleston, chachachá, tudo, mesmo Vila Isabel. Então, pra evitar isso, eles passaram a importar também os cantores, e ai foi a gloria “PASSARAM A DEFORMAR A MUSICA E OS CANTORES”. O Bando da Lua virou “THE MOON GANG” e pra dar cor eles se vestiam de bêbados e tocavam maracas!


NEGA DO CABELO DURO
CANOEIRO


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Junto com “The Moon Gang” foi Carmen Miranda. Sua ultima gravação no Brasil parecia profética: Adeus Batucada, Piruli, Zé da Tuba, The Matador.
Ai acabou a guerra e, consequentemente, acabou a Politica da Boa Vizinhança. E nós voltamos a ser Nativos...
Em 1946 uma das musicas que mais andavam nas paradas de sucessos em toda a América do Sul era intitulada “South América, Take it Away”, isto é, “América dos Sul, Tira isso Daqui”. “Isso” era o Samba, Conga a Rumba. Uma musica que mandava o Samba de volta pra nossa terra, fez um enorme sucesso aqui na nossa terra.
“South América, Take it Away”.
E como não tinha remédio, nós cantamos assim:


“ADEUS AMÉRICA” – “Disseram que voltei americanizada”
“VOLTEI PRO MORRO”


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Ai começou a invasão: eles tinham importado tudo quanto era ritmo latino americano, e queriam mandar tudo de volta de uma vez. Tudo padronizado, tudo made in USA. Importavam a matéria prima e devolviam o produto manufaturado. E o pior é que alguns compositores daqui ( alguns até excelentes compositores) estavam tão alienados que justificavam, convidavam até pediam essa invasão.
“Tio Sam no Samba – Boogie Woogie do Rato – Linda Americana”.
Outros compositores viam a coisa acontecendo:
“Malandro Desceu o Morro”.
E como é que eles entravam aqui assim tão facilmente? Muito tempo antes da guerra, Noel Rosa já tinha dado a explicação: “Não Tem Tradução” (O Cinema Falado).
Ai eles chegaram. E chegaram aqui os nossos amigos ( La de cima) encontraram um índio (aqui de baixo) passeando em plena Avenida Atlântica, com tacape e flexa, e foi ai que perguntaram:

MEU CABOCLO

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E nós preparamos uma recepção condigna pra tudo quanto era bagulho. Nós ficamos de pé e cantamos com a mão no peito: Deus Salve o Américo.
Eles vieram e ninguém segurou:

ESCANDALOSA – MANBO DO GATO – “Chica Chica Bum” – “No Naná”

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A nossa musica foi ficando tão servil, tão acovardada, que nos começamos até a imitar musica de farwest.
Para os nossos amigos, a musica padronizada tinha a vantagem de que podiam ser vendidas na America Latina inteira sem maiores preocupações quanto à nacionalidade, costumes, tradições, folclore, e outras inutilidades... Uma musica só servia pra todo mundo.
O Brasil é o único país da America do Sul que fala português, por isso fomos obrigados a aprender espanhol pra ficar na moda:

QUIZÁS – AI PERO QUE TE PARECE – TU SOLO TU – BESAME MUCHO – HIPOCRITA – LA ULTIMS NOCHE

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A comercialização da musica era feita de tal maneira que até uma briga bem brasileira entre marido e mulher não era mais em samba, era em bolero ( e as vezes coisa pior! ) Que Será – Errei Sim – Segredo – Risque – Vingança – Lama.
Mas nem todo mundo aderiu. Muitos protestaram. Alguns protestaram se lamentando:

MATARAM MEU SAMBA

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Outros como Lamartine Babo, protestaram na gozação:
“Canção Pra Inglês Ver”.
Ou como Catulo de Paula:
“Bepop do Ceara”.
E chegou a nossa vez de dizer, U.S.A. , Take It Away!

NÓS QUEREMOS É SAMBA

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Este show não é contra a influencia: é contra a comercialização.
Contra a comercialização de ontem e contra a de hoje.
Ontem foi o cinema falado o grande culpado da transformação.
Hoje pode ser o satélite. Os programas musicais já estão nos chegando vindos do mundo inteiro. E não há nada de mal nisso.
A única coisa de errado é que o satélite é mão única: (Apenas royalties...)
Nós somos a favor do satélite de duas mãos.
Vamos mascar chiclete, sim, mas só se eles comerem a nossa banana.


CHICLETE COM BANANA

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Em 25 de julho de 2008 quando entramos na discussão em cima do que vinha até então sendo escrito na Wikipédia a respeito do que era o Samba Rock entramos com um texto simples e que acertado algumas datas e suprimido algumas afirmações este texto é aceito até hoje.
E a parte do texto suprimido por nós foi:

“O nome dessa primeira serie de coletâneas se deu por causa da musica Chiclete com Banana composição de Gordurinha e Almira Castilho sendo lançada em 1959 por Jackson do Pandeiro e re-gravada por Gilberto Gil em 1972 sendo um grande sucesso tanto nas rádios como nos bailes de samba rock”

A razão para a supressão deste texto foi que na época pensávamos em colocar alem da musica chiclete com banana na versão de Gilberto Gil como também esta versão do Show de Augusto Boal do musical Chiclete e Banana.
Na duvida resolvemos não colocar e hoje temos a certeza de ter sido uma sabia decisão, pois alem de não termos certeza da data desta versão ela era conhecida como sendo interpretado por Almira Castilho o que hoje sabemos ser falsa esta informação.
Embora este disco tenha sido lançado em 73 como um documentário o espetáculo musical foi lançado em 1969 e sendo o disco uma replica do musical podemos concluir que a versão do Gilberto Gil foi baseada em cima deste musical já que elas se parecem muito por terem sido gravadas ao vivo.

A1 CARABOO.
A2 ALO ALO AMERICA.
A3 MAMÃE EU QUERO.
A4 ALÔ TIO SAM – O SAMBA AGORA VAI.
A5 NEGA DO CABELO DURO - CANOEIRO.
A6 ADEUS AMÉRICA - VOLTEI PRO MORRO.

B1 MEU CABOCLO.
B2 ESCANDALOSA – MAMBO DO GATO - VACA SALOME
B3 QUIZÁS – AI PERO QUE TE PARECE – TU SOLO TU – BESAME MUCHO – HIPOCRITA – LA ULTIMAS NOCHE.
B4 MATARAM MEU SAMBA.
B5 NÓS QUEREMOS É SAMBA.
B6 CHICLETE COM BANANA.

Link do Arquivo

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Primeira gravação de Chiclete com Banana: http://www.mediafire.com/?wzf4gyx209wrs1z

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