Pular para o conteúdo principal

Zito Righi e seu Conjunto 1969 Alucinolandia



E continuando a misturar Samba com Samba, ou melhor, com Samba Rock vamos entrar com um Samba que por conta de sua extrema raridade se transformou em um clássico dos salões nas mãos dos discotecários e dançarinos da época. Poema Rítmico do Malandro ou Alucinolandia, composição de Sonia Santos e arranjos de Zito Righi e a nossa musica principal neste disco, mas também vamos encontrar mais algumas perolas como Once In A While e Hert.

Resumindo, este disco de Zito Righi sintetiza bem a busca dos discotecários da época que não se preocupavam nem um pouco em nacionalizar ou internacionalizar o ritmo que trazia a galera pras pistas para dançar, o negocio mesmo era buscar e por a bolacha pra rodar.

Como não encontramos muita coisa a respeito do maestro Zito Righi resolvemos transcrever um texto escrito por Antônio Franco, na contra capa deste disco e transcrito aqui na integra, incluindo se ai os vários pontos e vírgulas. Mas o que nos chama atenção é o fato do escritor nos passar a ideia de que este disco foi o primeiro com o nome de Zito Righi sendo que ao darmos um giro pela net logo nos deparando com discos de Zito gravados em datas anteriores ao deste

E o mestre falou; da pequena e bela cidade interiorana em seu vistoso uniforme, era o alvo das atenções, na praça principal, lugar da retreta, ponto das reuniões. Era ele o maestro Henrique Righi, uma das figuras tradicionais da querida Marques de Valencia. Orgulhava-se de ser musico-professor e sentia-se um pouco triste por notar que seu filho, Agente da Estação, funcionário da Central, nenhum pendor trazia para a musica. Eram vidas amigas, correndo em trilhos diferentes...
E os tempos passaram. E Henrique Righi, ganhou mais um titulo: Avô. Seu neto Zito Righi, fluminense de Mendes, aos seis aninhos, já se fazia entender com um cavaquinho de brinquedo. E o avô sorria. Sabia que era o seu sangue a dar continuidade à tradição da família Righi. A mania do guri pela musica era coisa de berço. Zito era um predestinado. A vizinhança vez por outra, o colhia na solidão, tocando e compondo. E todos diziam: Zitinho será um grande artista...
Zito Righi cresceu e viveu como quase todos. E quando chegou a idade, aliou ao estudo o trabalho, e se tornou tripulante da Panair do Brasil. E em cada canto, em cada pouso descobriam um momento de alegria, pois Zito e os da tripulação improvisavam-se em conjunto musical e viviam toda uma noite de festa. E Zito era o show, alternando na bateria, órgão, saxofone, contrabaixo e piano, instrumentos com os quais já estava familiarizado. Mas o “snob” em todas as andanças era quando chegavam em Lisboa e rumavam todos para o cassino Estoril, o ponto alto para as noites em Portugal e eram recebidos como convidados muito especiais pela direção do Hotel. Eles sabiam que aquela gente trazia a musica brasileira, o ritmo gostoso dos samba. E os portugueses ficavam tristes, quando a turma se despedia. Era a saudade que ficava...
A esta altura já não era mais tripulante. Outro sonho dominava seu mundo. E as afirmações batiam à sua porta, era designado para o baile oficial da posse do presidente Jânio Quadros no Palácio da Alvorada em Brasília. Foi uma consagração interior de definição profissional. Prestigio...
Como todo musico que se presa Zito Righi percorreu as melhores casas da noite carioca, as mais luxuosas, as mais comentadas e frequentadas. Em sua folha de serviços prestados, catalogava mais de 30 gravações, algumas das quais, acusando vendagens excelentes, mas que não constava seu nome, pois vinha atuando com pseudônimos estrangeiros. Diziam os produtores que era uma questão de publicidade. Zito Righi dominava nos mínimos detalhes os segredos da orquestração, arranjos, técnica e estilo musical e em sua bem sucedida carreira, apenas duas paginas do seu livro sonhado ainda não eram realidades. Reuniu pelo talento disciplina e amor à musica, gente nova com ideal zelo à profissão. E constituiu oficialmente seu conjunto com os seguintes nomes- Pistons: Ubiratan e Barcelos, Trombone: Othon, Sax-Barítono: Renato, Órgão: Alberto, Contrabaixo: Paulinho, Bateria: Fernando, Ritmista: Nilo, Guitarra: Jorginho, Crooners: Verinha, (Sonia Santos) e Carlinhos, Saxofone: Zito Righi.
Esta é a primeira pagina. E a segunda, gravar oficialmente com seu conjunto, coisa que até então não acontecera. E esta pagina que custou quase toda uma historia, esta sendo escrito agora e por conta da Hot, A fabrica do Tempo Quente. ALUCINOLANDIA é ritmo quente, tropicante, um cartão de visita no melhor estilo e classe.
Se é um fato, que o brilhante passado de um artista, passado este, construído com sacrifício, dedicação, estudo e sucessos, recomenda por si só, seu presente, o presente pertence a Zito Righi, musico-professor, organista, baterista, contrabaixista, pianista, saxofonista, arranjador e maestro.
ALUCINOLANDIA, de Zito Righi e seu Conjunto, como diria o Maia Cipriano, será tão importante amanha como foi ontem, como hoje o é.
E o saudoso mestre, que regia a tradicional banda de Valencia, onde quer que ele esteja na eternidade, estará sorrindo uma alegria pura, pois seu neto é um pouco de si. É um Righi. É musico de corpo e alma.
Rio, madrugada sem sono e de trabalho, dedicada a Hot e a Zito Righi e seu Conjunto, neste 1969 musicalmente promissor.



A1 Poema Rítmico Do Malandro
A2 Somos Todos Irmãos
A3 Once In A While
A4 Birimbau
A5 Primeira Conjugação
A6 Bye Bye

B1 Love Is Here To Stay
B2 Isn't A Dream
B3 Sou Feliz Aqui
B4 Adeus Amor
B5 Alvorada
B6 Hert

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mega Post Swing Brasil Vols. 01 ao 20

Após algum tempo sem links ativos, repostagem dessa super coleção de Samba-Rock.   Link da pasta contendo os 20 Vols. no servidor  Mega .

Swing Brasil Vols. 01 ao 10 Repostagem Parte I

01 Litlle bitty preeton.mp3 02 teenager in love.mp3 03 baby come back tome.mp3 04 boy fron new york city.mp3 05 weep no more my baby.mp3 06 why do fools fallin love.mp3 07 wistle stop.mp3 08 lollipop.mp3 09 forever forever.mp3 10 a lover's question.mp3 11 lover please.mp3 12 dametemi un martello.mp3 13 that's why.mp3 14 frankie.mp3 15 if had a hamme.mp3 16 Got My Mojo Working.mp3 17  Bert Kaempfert & His Orchestra - Afrikaan Beat.mp3 18 sugar lip's.mp3 19 samba de uma nota só.mp3 20 hobbies.mp3 21 the pianist.mp3 Link do Arquivo Link Alternativo 01 O cravo brigou com a rosa.mp3 02 Carly & Carole.mp3 03 Jesualda.mp3 04 Take me back to Piauí.mp3 05 Meu guarda chuva.mp3 06 Amor dos outros.mp3 07 Quem tem carinho me leva.mp3 08 Se voce quiser mas sem bronquear.mp3 09 Não adianta.mp3 10 É isso aí.mp3 11 Katarina.mp3 12 Você não entende nada.mp3 13 Vendedor de bananas.mp3 14 O telefo

Partido em 5 vol.1e2

Participação de Candeia num LP que foi sucesso instantâneo na época em que foi lançado. Tanto que rendeu mais duas continuações (a última delas já sem o mestre). Os outros bambas que tomam parte neste disco são: Velha, Casquinha, Wilson Moreira, Anézio e Joãozinho da Pecadora. Uma curiosidade interessante: devido ao sucesso deste disco que o grande Wilson Moreira resolveu largar sua profissão de carcereiro e seguir carreira de sambista. O CD é parco em informações, não tem qualquer tipo de encarte, mas pelo que os músicos falam entre as faixas ainda se descobre que a cozinha do disco é dos mestres Luna e Marçal. Procure este disco na seção de saldos das lojas de discos, normalmente é lá onde ele se esconde. Formação: Candeia, Velha, Joãozinho Pecadora, Wilson Moreira, Anézio e Casquinha. 1. Lá Vai Viola (Candeia) 2. Defeito de Mulher (Velha) 3. Preta Aloirada (Casquinha) 4. Minha Preta (Anézio) 5. Linha de Candomblé (Joãozinho Pecadora) 6. A Valta (Candei