Pular para o conteúdo principal

Arquivo Northern Soul


A história parte V

A razão pela qual os DJs de northern soul eram forçados a ficar ligados nas raridades era simples: no começo dos anos 70, os EUA tinham parado de produzir os discos adequados. A música negra americana mudou do veloz soul-pop da Motown, e seus produtores - ao lado da imensa influencia de James Brown e Sly & The Family Stone - começaram a experimentar outros tipos de ritmos e sonoridade. O soul se tornou funk, e o acento foi para ritmos pesados, ao invés da saudosa melodia. Em Manchester, isso não aconteceu muito. Claro, ainda era uma black music bacana, mas muito funkeada e muito devagar para um público com a mente cheia de pílulas e anfetaminas. Eles precisavam de uma coisa com um pouco mais de urgência do que “say it loud, i`m black and i`m proud” (“diga bem alto, sou negro e com orgulho”). Então os DJs começaram a caçar profundamente e ir atrás de discos antigos que tinham o ritmo requisitado e o charme dos instrumentos de corda. Ian Levine, que mais tarde se tornou o disc jockey mais influente do Northern Soul, visitou pela primeira vez o Wheel no final de seu período de oito anos de existência. Ele recorda a mudança como a procura por obscuras velharias começou. “As pessoas estavam cansadas das mesmas músicas velhas - como “You`re Ready Now” de Frankie Valli e “Six By Six” de Earl Van Dyke - que tinham sido tocadas por anos no Wheel. Havia um público, uma audiência faminta nas noites, loucas de pílulas e anfetaminas, que queriam dançar aquele estilo dos discos da Motown”, diz Lavine. “Rob Bellars descobriu que se descobríssemos esses discos difíceis de achar, a cena sobreviveria”. Essa caça desvendaria um vasto universo de discos de soul negro (e, eventualmente, alguns execráveis brancos, também), até então desconhecidos. Ligeiros o suficiente para a diversão da juventude de ficar louco de pílula, e alguma vezes legais o suficiente para se destacarem e virarem hits pop. E conforme eles iam penando nas procuras pelo tipo certo de disco para suas pistas de dança, esses DJs estavam também aprendendo a trabalhar com o público - representando um tipo de sofisticação ao que emergiria em New York anos mais tarde. Não havia falas entre as músicas, apenas uma seqüência pura de soul com picos para deixar os “speed-freak-dancers” felizes. “Muitos DJs tocavam músicas numa certa ordem, por causa do jeito que as pessoas dançavam” lembra Bellars, descrevendo como ele tocava uma seqüência de três músicas do Bobby Freeman, “The Duck”, C`mon And Swin” e “The Swim”, nessa ordem, porque elas construíam um tempo rítmico. “Você construía isso gradualmente, e em seguida tocava cinco músicas rápidas na seqüência. Depois você desacelerava um pouco, senão a coisa ficava maníaca”.

Os visitantes do Wheel ficavam impressionados com o que viam. “A dança é sem dúvida a mais legal que eu já vi fora dos EUA”, escreveu Dave Godin, um colunista de black-music no Blues & Soul e o homem que começou a operação Tamla Motown na Inglaterra. Todo mundo lá era um experto nas ‘palminhas soul’. Nos lugares certos, e com uma selecionada e penetrante qualidade que adicionava algo a mais na apreciação da soul-music. Não havia uma influência oculta de tensão e agressão, como às vezes encontrávamos nos clubs de Londres, mas sim um benevolente e bondoso espírito de amizade e camaradagem. Notando a força da cena do soul no norte, Godin, que morava em Londres, foi a pessoa que criou o rótulo “Northern Soul”. Em 1970, inspirado pela sua primeira visita ao Twisted Wheel, Godin empregou o termo “Northern Soul” (soul do norte) em sua coluna no Blues & Soul. Godin abriu uma loja de discos chamada Soul City em Londres, na Monmouth Street, no bairro de Soho. Ele primeiro percebeu as diferenças de gosto entre o norte e o sul quando o pessoal do norte, vindo de viajens de jogos de futebol, procuravam por um som específico. “O que eu notei foi que as pessoas que vinham do norte não estavam comprando o que subseqüentemente foi chamado de funk”, diz Godin. “Aí eu comecei a usar o termo ‘northern soul’, que era pra quando tivessemos a loja cheia de sujeitos do norte, tocaríamos só northern soul para eles. Foi assim que o termo pegou”. O Twisted Wheel de Manchester concedeu muito da parte essencial do que ainda viria. Ajudou a inspirar o nome da cena, começou com a caça obsessiva dos DJs por discos raros e desconhecidos, deu a ele um mar de contatos de devotados (e musicalmente entendidos) ‘clubbers’, e lançou o começo de uma intensa afeição entre a jovem (e branca) classe trabalhadora do norte e a black-soul-music americana. E também se consolidou como o principal club da Inglaterra. No mesmo período, New York tinha os clubs mais luxuosos, a clientela mais bonita e um sistema de som que dava vergonha se comparado com o do Twisted Wheel. Mas isso não era importante. Culturalmente e musicalmente, o que estava rolando no norte da Inglaterra era anos luz a frente do que em qualquer outro lugar. Inspirados pelo Wheel, uma porção de clubs apareceram, enriquecendo ainda mais o contato entre DJs, fãs e colecionadores. Leicester tinha o Oodly Boodly (depois o Noght Owl), havia o Mojo em Sheffield (onde o DJ era o jovem Peter Springfellow), o Dungeon em Nottingham, o Lantern em Market Harborough e o Blue Orchid em Derby. Em Birminghan, tinha o Whiskey-A-Go-Go, que varava a madrugada e era informalmente conhecido como Laura Dixon Dance Studios. Entretanto, nenhum desses foi tão influente como o Twisted Wheel. Foi aqui que, em um porão em Manchester, uma geração de colecionadores, ‘clubbers’ e DJs se apaixonavam pela soul music. Fatalmente, a reputação do Wheel como paraíso de drogas extrapolou, culminando com o seu fechamento pela polícia de Manchester no começo de 1971. Ele só poderia ser reaberto se houvesse uma cooperação com a polícia, para que os tiras ficassem dentro do club durante toda a madrugada. Houve cenas emocionantes na última noite. “Sabíamos que ia fechar”, diz Rob Bellars, “e as pessoas choravam”. Vendo o legado do Twisted Wheel em junho de 1974, um ‘soul-boy’ disse para a Black Music: “algo mudou quando o Wheel fechou. Você sabe, nunca mais haveria essa mesma cena musical “tudo-pela-boa-música”.

Arquivo Northern Soul 9

01 - Erma Franklin - Gotta Find Me A Lover

02 - Jackie Wilson - Nothing But Blue Skies

03 - Artistics - The Chase Is On

04 - Billy Butler - I'll Bet You

05 - Tyrone Davis - What Goes Up

06 - Chubby Checker – Hey You Little Boogaloo

07 - Cooperettes – Shingaling

08 Eddie Holman – Stay Mine for Heaven’s Sake

09 - Fantastic Johnny C – New Love

10 - Intruders – Up and Down the Ladder

11 - Preludes – Deeper Than That

12 - Ed Crook - That's Alright

13 - Mr Floods Party - Compared To What

14 - Jimmy Soul Clarke - Sweet Darlin'

15 - Booby Garrett - I Can't Get Away

Arquivo Northern soul – Vol 09

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mega Post Swing Brasil Vols. 01 ao 20

Após algum tempo sem links ativos, repostagem dessa super coleção de Samba-Rock.   Link da pasta contendo os 20 Vols. no servidor  Mega .

Swing Brasil Vols. 01 ao 10 Repostagem Parte I

01 Litlle bitty preeton.mp3 02 teenager in love.mp3 03 baby come back tome.mp3 04 boy fron new york city.mp3 05 weep no more my baby.mp3 06 why do fools fallin love.mp3 07 wistle stop.mp3 08 lollipop.mp3 09 forever forever.mp3 10 a lover's question.mp3 11 lover please.mp3 12 dametemi un martello.mp3 13 that's why.mp3 14 frankie.mp3 15 if had a hamme.mp3 16 Got My Mojo Working.mp3 17  Bert Kaempfert & His Orchestra - Afrikaan Beat.mp3 18 sugar lip's.mp3 19 samba de uma nota só.mp3 20 hobbies.mp3 21 the pianist.mp3 Link do Arquivo Link Alternativo 01 O cravo brigou com a rosa.mp3 02 Carly & Carole.mp3 03 Jesualda.mp3 04 Take me back to Piauí.mp3 05 Meu guarda chuva.mp3 06 Amor dos outros.mp3 07 Quem tem carinho me leva.mp3 08 Se voce quiser mas sem bronquear.mp3 09 Não adianta.mp3 10 É isso aí.mp3 11 Katarina.mp3 12 Você não entende nada.mp3 13 Vendedor de bananas.mp3 14 O telefo

Partido em 5 vol.1e2

Participação de Candeia num LP que foi sucesso instantâneo na época em que foi lançado. Tanto que rendeu mais duas continuações (a última delas já sem o mestre). Os outros bambas que tomam parte neste disco são: Velha, Casquinha, Wilson Moreira, Anézio e Joãozinho da Pecadora. Uma curiosidade interessante: devido ao sucesso deste disco que o grande Wilson Moreira resolveu largar sua profissão de carcereiro e seguir carreira de sambista. O CD é parco em informações, não tem qualquer tipo de encarte, mas pelo que os músicos falam entre as faixas ainda se descobre que a cozinha do disco é dos mestres Luna e Marçal. Procure este disco na seção de saldos das lojas de discos, normalmente é lá onde ele se esconde. Formação: Candeia, Velha, Joãozinho Pecadora, Wilson Moreira, Anézio e Casquinha. 1. Lá Vai Viola (Candeia) 2. Defeito de Mulher (Velha) 3. Preta Aloirada (Casquinha) 4. Minha Preta (Anézio) 5. Linha de Candomblé (Joãozinho Pecadora) 6. A Valta (Candei