Álbum “Quem sou eu” – Ully Costa
Quem sou eu
Este é o título do primeiro disco solo da cantora Ully Costa.
Ully conta que o nome veio da canção homônima do cultuado disco
Krishnanda, de Pedro “Sorongo” Santos. “Essa foi a primeira música que
gravamos, era minha única certeza no início do projeto. A letra é linda e
tem muito a ver com o momento que estou vivendo”. A faixa recebeu um
novo arranjo, mais minimalista, com o piano e o violoncelo dos cubanos
Pepe Cisneros e Yaniel Matos.
Outras belas composições surgiram no processo, como Festa do Rei Nagô
(Jairo Cechin), ijexá que recebeu um arranjo com influências do
afrobeat e que conta com a participação especial do DJ KL Jay, dos
Racionais MC´s. Capoeira de Oxalá é um samba-jazz dos anos 1960, cheio
de suingue, que mostra outra faceta do compositor Luís Carlos Sá (da
dupla Sá e Guarabyra). Já em Pindorama (Érico Marco), Ully canta a
riqueza dos povos e da terra mais tarde conhecida como Brasil,
apresentando elementos musicais que fazem parte de sua formação, como
instrumentos de PVC e percussão corporal, misturados a efeitos
eletrônicos. A música conta ainda com a participação de Marcelo Pretto
(Barbatuques) e do grupo Vozes Bugras.
São ao todo nove composições que bebem da herança musical da artista,
de ascendência indígena e negra. “Minha avó, dona Cícera, veio muito
novinha de Alagoas e é filha de índios daquela terra. Já meu avô
paterno, ‘seu’ Onofre, sempre viveu na roça, em Imbé de Minas, onde
sempre nos reuníamos para ouvi-lo tocar sanfona. Eu ficava lá com meus
tios, tocando viola caipira e cantando muita ‘moda’. Sinto muita
afinidade com esse Brasil profundo. Por outro lado, cresci em São Paulo e
é inevitável que o meu trabalho também traga em si elementos urbanos e
contemporâneos”.
Todas as faixas foram executadas pelos músicos do início ao fim,
mesmo aqueles sons que poderiam ser “loopados” ou programados, no
intuito de se obter um resultado musical orgânico, pulsante, com o
mínimo possível de edições. Elementos eletrônicos e efeitos sonoros
foram adicionados depois, o que acrescentou uma sutil camada de
modernidade ao resultado final. O Projeto é realizado com o apoio do
Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura –
Programa de Ação Cultural – 2012
A direção musical é do músico e produtor Leonardo Mendes, filho do
cantor, compositor e pesquisador baiano Roberto Mendes. Cada faixa
recebeu tratamento especial, de acordo com seu estilo e sonoridade. Por
isso o disco conta com muitos músicos convidados, como Curumin (bateria
em Olhos D´Água), Da Lua (percussão em A querer e em Irerá Ódun),
Jorginho Neto (trombone em O meu lado, de Marquinho Dikuã), entre
outros.
Quem sou eu pode ser lido (e ouvido) com ou sem o ponto de
interrogação. É ao mesmo tempo pergunta e resposta. Ou ao menos parte
dela.
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